Fragmentos do livro: O vendedor de Sonhos
CURY, Augusto. O vendedor de sonhos. São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2008.
“Tentei viver sob o teto do júbilo e dos alicerces da segurança, mas me afundei. Tentei estimular meus alunos a pensar, mas formei muitos repetidores de informações. Tentei contribuir para a sociedade, mas era uma ilha de soberba. Se conseguir vender um pouco de sonhos para algumas pessoas, tal qual esse misterioso homem me vendeu, talvez minha vida tenha mais sentido do que teve até aqui” (p.45).
Pensei: “Existiam distintas alternativas para enfrentar minha crise, por que não as escolhi?” Mas a dor nos cega e a frustração nos emburrece (p.54).
Eu era “normal” e, como muitos “normais’, minha loucura era oculta, disfarçada; precisava ser espontâneo (p.58).
O maior sentido para continuar vivo é estar vivo, é a insondável existência. Na universidade, havia esquecido que os grandes filósofos discorreram sobre o sentido da vida, a política do prazer e a arte do belo. Considerava tais pensamentos filosóficos desprezíveis frases de autoajuda. Era preconceituoso. Percebia, agora, que precisava bebê-los. Foi a primeira vez em que dancei sem ter uísque na cabeça. Precisava de uma vírgula para continuar respirando (p.58).
Muitos dançam sobre o solo, Mas não na pista do autoconhecimento. São deuses que não reconhecem seus limites. Como poderão se achar se nunca se perderam? Como serão humanos se não se aproximam de si? Quem são vocês? Sim, digam-me, quem são? (p.61)
Sem sonhos, os monstros que nos assediam, estejam eles alojados em nossa mente ou no terreno social, nos controlarão. O objetivo fundamental dos sonhos não é o sucesso, mas nos livrar do fantasma do conformismo (p. 63).