Homem moderno…
“O homem moderno vive num estado de baixo grau de vitalidade. Embora, em geral, não sofra profundamente, pouco sabe, no entanto, da verdadeira vida criativa. Ao contrário, sua vida tornou-se a de um autômato ansioso. Seu mundo lhe oferece amplas oportunidades de enriquecimento e diversão e ele ainda vagueia sem objetivo, não sabendo o que quer e, por isso, completamente incapacitado de imaginar como alcançá-lo.
Sequer aborda a aventura de viver com excitação ou interesse. Parece sentir que o tempo para diversão, prazer, crescimento e aprendizagem é a infância e a juventude, e abdica da vida em si, quando atinge a “maturidade”. Passa por muitos movimentos, mas a expressão de seu rosto indica a falta de interesse real no que está fazendo.
Está, em geral, impassível, entediado, indiferente ou irritado. Parece haver perdido toda espontaneidade, toda capacidade de sentir e se expressar direta e criativamente. É muito bom falando em problemas e muito ruim lidando com eles. Reduziu a vida a uma série de exercício verbais e intelectuais; está afogado num mar de palavras. Substituiu o processo de viver pelas explicações psiquiátricas e pseudopsiquiátricas da vida.
Passa um tempo infinito tentando recapturar o passado ou moldar o futuro. Suas atividades no presente são meramente tarefas aborrecidas que deve tirar do caminho. Às vezes, nem se dá conta de suas ações no momento.”
(PERLS, F. A abordagem gestáltica e Testemunha ocular da Terapia, 1973, p.11)
Imagem disponível em redes virtuais: Jaraguá do Sul na década de 40